Com o edital para 220 vagas de agente de telecomunicações praticamente pronto, o diretor da Academia de Polícia da Polícia Civil de São Paulo (Acadepol), Adilson Vieira Pinto, afirmou, em entrevista à FOLHA DIRIGIDA, no último dia 10, que a publicação ocorrerá assim que o contrato com o Banco do Brasil, instituição responsável pelo recolhimento da taxa de inscrição, seja assinado. Ainda não há uma data definida. “Acredito que isso pode ser resolvido em 2010″, ressaltou. A expectativa do diretor é de que o concurso reúna cerca de 100 mil inscritos, a exemplo da seleção para investigador de polícia.
O diretor da Acadepol confirmou a inclusão de idioma estrangeiro nesse concurso, divulgada com exclusividade pela FOLHA DIRIGIDA, na edição 1277, de 11 a 17 de outubro. “O grande objetivo, muito mais do que qualquer outra coisa, é a própria conversação, mostrar que tem capacidade de compreender e se manifestar. No caso de agente de telecomunicações, mostrar que ele já tem formado um bom alicerce”, explicou Adilson Pinto. Outra novidade do concurso: os candidatos não serão mais submetidos a prova de digitação. Os exames serão realizados em três fases: a preambular, a dissertativa e a oral, além dos testes de aptidão física, psicológica e exames médicos. De acordo com o diretor, esse processo dura, em média, oito meses. Após a aprovação, os candidatos deverão fazer o curso de formação. O último curso para agente de telecomunicações teve duração de 1.112 horas, que correspondem a aproximadamente sete meses.
Qual a data prevista para a publicação do edital de agente de telecomunicações?
O edital está praticamente pronto. O que estou precisando é que seja resolvida uma questão. Nós fazíamos a coleta de inscrição de taxa pela Nossa Caixa, só que agora não temos o contrato com a Nossa Caixa, porque ela não existe. Agora, é o Banco do Brasil, que precisa assinar o contrato. Eu acredito que isso pode ser resolvido em 2010. Eu garanto que resolvida essa questão, em pouquíssimo tempo, em questão de um, dois ou três dias, o edital vai para a publicação oficial. Isso eu posso garantir. A não ser, por exemplo, que assinem um contrato e falem que precisam de 15 dias para se adequarem tecnicamente. Resolvida essa questão técnica, que não é apenas a assinatura, mas eventuais ajustes, o eventual vai para a praça.
Qual sua expectativa em relação ao concurso?
É um concurso muito atrativo pela natureza da função. É atrativo, porque o salário é igual ao do escrivão e ele não exige nível superior de ensino. Todos aqueles que não puderam fazer esses dois últimos concursos de escrivão e de investigador, porque exigiam nível superior de ensino, virão para esse concurso. Então, a minha expectativa é de que esse seja um concurso grande. Nós fizemos um concurso de 120.025 candidatos para investigador, que são os investigadores que estão saindo. Não foram todos que compareceram, mas eu tive de me preparar para 120.025 candidatos. Eu acho que um concurso de 100 mil pessoas é muito grande. E eu acredito que esse possa vir a chegar por isso. É muito atraente, principalmente para aquele que quer ser polícia, mas que não ter grandes, fortes emoções. É uma carreira mais interna, é estratégica na área de comunicação, é fundamental. É muito procurado por mulher. É um concurso diferente e o salário é tal qual o de investigador.
Como serão distribuídas as 220 vagas?
Capital, Grande São Paulo, atendendo às nove seccionais do Demacro, e interior, para a sede dos nove Deinters, ou seja, para o estado todo. A distribuição de vagas ainda está sujeita a alguns ajustes. O importante é que todo mundo do estado tem uma vaga perto de casa. Os concursos seccionalizados estão sendo adotados, o que é muito bom, porque o pessoal trabalha perto de casa. É um elemento motivador.
Qual será a taxa de inscrição?
Para esse concurso é R$36,12. O valor de R$54,19 é para nível superior.
Quais disciplinas integrarão o conteúdo da prova de agente? Qual o número de questões por disciplina?
Hoje, trabalho com noções de Direito, com enfoque especial em Direitos Humanos, Atualidades, noções de Criminologia, Informática, Conhecimento Lógico e Língua Portuguesa, evidentemente, e agora estou acrescentando Língua Estrangeira, com inglês ou espanhol. A pessoa, na hora da inscrição, vai fazer a opção. Eles vêm com o nível básico e na Acadepol novas informações serão acrescentadas. Nós temos já um contingente muito bom de professores que conhecem muito bem a língua inglesa. São professores, portanto, de inglês. Abriu um processo seletivo para professor de espanhol. De modo que tanto a língua inglesa quanto a espanhola vão ter vez efetivamente a partir do início de 2011. Todos aqueles policiais que se interessarem virão fazer e nós teremos vários níveis. O foco que eu quero dar é para o atendimento ao público , sobretudo por causa da Copa 2014. Nós temos de ter condições já em 2013 de atender o turista. Pelo menos no inglês e o espanhol, nós temos de ter policiais com essa expertise. A propósito, foi criada uma comissão de gestão da polícia civil para Copa de 2014 e eu sou o presidente.
A exigência de língua estrangeira vai ser mantida nos outros concursos que sucederem ao de agente de telecomunicações?
Nesse primeiro momento, para aquelas carreiras em que o atendimento público seja uma necessidade da pessoa. A gente está meditando sobre isso. Para aquele policial que está no dia-a-dia, se relacionando com a população, quer na questão da investigação propriamente dita e até principalmente na questão do próprio atendimento das unidades policiais e os plantões o inglês é necessário e vai ser muito mais necessário quando da Copa do Mundo. De um modo geral, a idéia é que
todo mundo tenha essa capacitação.Investigador, escrivão, delegado,agente de telecomunicações, eu não tenho a menor sombra de dúvida.
O que vai ser cobrado nas provas de Inglês e Espanhol?
O grande objetivo, muito mais do que qualquer outra coisa, é a própria conversação, mostrar que tem capacidade de compreender e se manifestar. No caso de agente de telecomunicações, mostrar que ele já tem formado um bom alicerce. Ele não precisa estar pronto, até porque vindo para a formação, ele vai receber esses elementos para aprimoramento. Se ele é alguém que tem uma formação de nível médio, eu não posso cobrar dele senão aquilo que é próprio do ensino médio. Eu não posso exigir algo além. A partir do momento que ele chega na Academia, eu posso exigir que ele se aprimore a ponto de se alguém falar inglês ou espanhol, a pessoa seja entendida e a demanda seja cumprida, porque eu não quero que o desconhecimento da língua seja um obstáculo ao bom atendimento. O inglês e o espanhol tem de passar a ser uma realidade da Polícia Civil de São Paulo.
Quais serão as fases desse concurso? Haverá prova de digitação?
Serão três: preambular, escrita e oral. Não há mais cabimento fazer prova de digitação, crianças com cinco ou seis anos já estão digitando.
Quantas questões integrarão a prova e qual será a distribuição por disciplinas?
Serão 100 questões com cinco alterantivas. A distribuição das disciplinas é um assunto da banca.
Qual a necessidade e importância da prova oral?
A nós cabe diminuir, ao máximo, a subjetividade. Nós diminuimos a subjetividade fazendo perguntas o mais objetivas possíveis para que eu possa esperar do candidato uma resposta igualmente objetiva. A gente pede para as comissões que procurem fazer o mesmo número de perguntas para os candidatos. Às vezes acontece de ser um pouco para mais ou para menos. Conforme o tipo de resposta que o candidato dá há ensejo para outro questionamento. Na minha avaliação, a grande importância do exame oral é você fazer uma pergunta para uma pessoa que além de medir o conhecimento, que já foi bem medido nas outras fases, mede a capacidade de desenvoltura em face da própria natureza do exame oral.Você faz algumas propostas no exame oral em que vai medir a capacidade de raciocínio, como a pessoa reage diante do exame. Qualquer exame é estressante, por mais que você esteja preparado, a hora que você vê que está sendo submetido a uma avaliação é estressante. O que é bom é que é estressante para todos. Talvez, ele até tenha o conhecimento, mas faz a pergunta e ela fica travada. Será que é interessante que nós tenhamos um policial que dentro de uma situação não saiba o que fazer . O exame oral é para ver como a pessoa encadeia idéias logo em cima de uma pergunta feita. Tem subjetivismo, o importante é reduzir.
Quais são os mecanismos para manter a idoneidade desse exame?
Nós temos o cuidado de fazer só dez exames por dia, não faço mais do que isso para não estressar a banca, permito uma troca dentro do dia. Você ficar examinando dez candidatos também é ruim. O ideal é trabalhar com duas bancas no mesmo dia. Entra uma, sai outra. Outra coisa, é público, qualquer pessoa pode entrar, independentemente de ser candidato ou não ser candidato. Nós temos um limite físico de umas 100 cadeiras para o pessoal sentar. Outra coisa é filmar. Isso serve como forma de inibir qualquer conduta errada , inclusive do próprio examinador e do examinando. É o primeiro efeito daquela filmadora, que está lá para todos verem – não é uma câmera escondida. Os mecanismos são esses.
Entre as carreiras de agente policial, papiloscopista, auxiliar de polícia, delegado de polícia, escrivão de polícia tem alguma com maior urgência de ter as vagas preenchidas?
O que eu vejo os demais diretores de polícia, todos são importantes. Mais a que está mais aflitiva é escrivão de polícia. Até porque a atividade de polícia judiciária cresceu demais, o número de inquéritos cresceu demais. A prova cabal disso é o projeto que transforma mil vagas de carcereiro em 777 de escrivão. É um projeto ótimo. É uma das grandes metas do nosso delegado geral é ver esse projeto prosperar. E nós sabemos que o secretário de segurança pública apoiou o projeto. Mas estamos aguardando, porque não depende só de governador, porque é um projeto de lei. Portanto, precisa ir para o legislativo.